Por que devo me preocupar?
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Por que devo me preocupar?
"Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós." (1 Pedro 5:7)
A vida moderna é marcada por uma crescente ansiedade, fruto de preocupações sobre o futuro, inseguranças e medos que parecem nos acompanhar a cada passo. A pergunta "Por que devo me preocupar?" pode nos levar a reflexões profundas sobre nossa própria natureza, sobre como lidamos com as adversidades e como podemos encontrar descanso em meio às tempestades da vida. O apóstolo Pedro, em sua epístola, nos convida a lançar sobre Deus nossas ansiedades, pois Ele cuida de nós. Mas o que isso realmente significa? Como podemos aplicar isso no nosso cotidiano? Vamos explorar essa questão.
A raiz da preocupação: conhecendo a si mesmo
A preocupação excessiva, muitas vezes, é um sintoma de algo mais profundo. A preocupação está frequentemente ligada ao medo do desconhecido e à nossa necessidade de controle. O ser humano, por natureza, busca garantir a sua segurança, tanto emocional quanto física, mas é impossível controlar todas as variáveis da vida. O autoconhecimento é um passo fundamental para entender essas emoções.
A psicanálise nos ensina que nossos pensamentos, desejos e medos inconscientes podem influenciar nossas ações. Quando estamos preocupados, muitas vezes estamos projetando nossos medos mais profundos no futuro, criando cenários catastróficos que, na maioria das vezes, nunca se realizarão. É por isso que Pedro nos convida a lançar nossas ansiedades sobre Deus. Ao nos conhecermos melhor, podemos identificar essas projeções e aprender a confiar mais em Deus, sabendo que Ele cuida de nós, mesmo quando não temos todas as respostas.
A ilusão do controle e o sofrimento antecipado
A busca por controle é uma das principais causas da ansiedade. Tentamos prever o futuro e preparar nossas defesas contra aquilo que pode nos prejudicar. No entanto, como Jesus nos ensina em Mateus 6:34, "não vos preocupeis com o dia de amanhã". O sofrimento antecipado, ou seja, o ato de preocupar-se antes de algo acontecer, nos paralisa e rouba nossa paz.
A psicanálise destaca o conceito de "ansiedade antecipatória", que é o sofrimento antes do acontecimento real. Isso ocorre quando passamos tanto tempo imaginando todas as formas como algo pode dar errado que acabamos prejudicando nossa saúde mental e emocional. A bíblia nos ensina que o futuro está nas mãos de Deus. Isso não significa que devemos ser passivos, mas que podemos agir de forma proativa, sem nos deixar dominar pela ansiedade.
A atitude proativa diante das preocupações
Uma vida sem preocupações não é realista. Todos enfrentamos adversidades e desafios, e Pedro não nos diz para ignorarmos isso. Ao contrário, ele nos ensina a lançar nossas ansiedades sobre Deus, o que implica reconhecer que elas existem e, ao mesmo tempo, confiar em algo maior do que nós.
Essa confiança não é passividade. Um confronto direto com nós mesmos - através de uma avaliação interior e sincera - nos ajuda a identificar as áreas onde podemos agir e as que devemos entregar nas mãos de Deus. Um cristão com consciência de seus pensamentos e emoções aprende a tomar decisões proativas: buscar soluções, trabalhar nas áreas que pode melhorar e entregar o que não pode controlar ao cuidado divino. O equilíbrio entre ação e confiança é a chave para lidar com as preocupações de forma saudável.
Descansando no cuidado de Deus
Pedro nos lembra que "Ele tem cuidado de vós". Isso significa que, por mais desafiador que o futuro possa parecer, Deus está atento às nossas necessidades. No campo da psicologia, chamamos isso de "entrega consciente". Aprendemos a nos entregar ao processo, sabendo que, por mais que desejemos controlar todas as variáveis, muitas delas estão fora do nosso alcance. A fé em Deus permite essa entrega sem a perda da esperança.
Quando desenvolvemos um autoconhecimento profundo e entendemos os mecanismos internos da nossa mente, podemos separar o que é uma preocupação legítima do que é uma projeção de nossos medos. Isso nos ajuda a confiar em Deus de forma mais plena e viver de forma mais leve, sem o fardo do sofrimento antecipado.
Confiar é um ato de liberdade
A resposta à pergunta "Por que devo me preocupar?" é, na verdade, uma questão de perspectiva. Quando aprendemos a conhecer mais intimamente nossas emoções e volições isso nos leva a reconhecer que muitas das nossas preocupações são construções da nossa mente, fruto de nossos medos e ansiedades. Pedro nos chama a lançar essas preocupações sobre Deus, porque Ele tem cuidado de nós.
Confiar em Deus é um ato de liberdade. Quando reconhecemos nossas limitações e entregamos nossas ansiedades, estamos exercendo um profundo autoconhecimento e nos libertando das cadeias da preocupação excessiva. A vida continuará a trazer desafios, mas a confiança em Deus nos permite enfrentar cada um deles com uma atitude proativa, sabendo que, no final, não estamos sozinhos.
Esse é o convite de 1 Pedro 5:7: lançar nossas ansiedades sobre Aquele que tem cuidado de nós, reconhecendo nossos limites e agindo com sabedoria. Ao fazermos isso, encontramos paz em meio às tormentas e esperança em meio às incertezas.
NR: texto em resposta ao artigo publicado em @psicoteramigo
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#anjohumano
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